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Resenha - Reseña
Portugués: João Aleluia
Español: João Aleluia - traducción:
Diego Sánchez Cascado DISPONIBLE EN BREVE
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Resenha: Devo
confessar que foi sem grandes expectativas que abordei este
concerto do Jan Garbarek Group. Não por duvidar das
qualidades dos músicos integrantes desta formação,
que estão indubitavelmente acima de qualquer suspeita,
mas por uma dialéctica de conforto e adormecimento
que indelevelmente subjaz a este grupo.
Sublinho uma vez mais e para que não subsistam dúvidas,
embora correndo o risco de ser redundante, que não
coloco em causa o mérito que se reconhece aos quatro
vértices deste quadrilátero, até porque,
com o correr dos anos, alguns dos seus discos continuam a
merecer a minha mais devota veneração. Mas não
posso deixar de manifestar as reservas que me suscita o período
de estagnação criativa que presentemente estes
músicos atravessam, em particular a figura do seu líder.
É que, não obstante o carácter híbrido
inerente à abordagem conceptual deste grupo, uma vez
que cruzando uma série de referências musicais
sem que nenhuma se sobreponha em particular, tal não
se tem prefigurado como uma base para a exploração
de um vastíssimo espectro de possibilidades que se
podem abrir, estreitando-se a uma orientação
estética precisa e monolítica. Se neste concerto
esta formação evidenciou, por um lado, os automatismos
próprios de uma banda já bastante rodada (o
que nem é de admirar, se atendermos a que dá
uma média de 80 a 100 concertos por ano), por outro,
também não se sentiu um especial fluir de ideias
que pudesse resultar desta duradoira cumplicidade musical.
Garbarek, sem dúvida com o intuito de conferir algum
efeito surpresa à performance (!), ainda prometeu apresentar
material não editado, e que de facto fez alternar com
alguns dos seus “greatest hits”, como “Twelve
Moons” ou “Brother Wind March”. Mas diga-se,
em abono da verdade, que soou a mais do mesmo... Ainda assim,
não me pareceu uma abordagem tão glacial quanto
os CD’s editados por este grupo deixam transparecer,
quem sabe se por influência das temperaturas quase estivais
que se fizeram sentir nesse dia na capital portuguesa...
Em termos individuais, as notas de maior relevo vão
para os solos de Eberhard Weber, ao nível da sua obra-prima
“Pendulum”, e de Marilyn Mazur, particularmente
interessante sempre que extraía do seu kit percussivo
uma míriade de cintilantes sons, mostrando ser uma
percussionista de poderosos recursos técnicos.
Quanto a Rainer Brüninghaus, cuja postura granítica
e de quase impassibilidade não passou despercebida,
preferiu os keyboards em detrimento do piano durante grande
parte da sua actuação, tendo sido o principal
artífice de uma certa estratégia de saponificação
da massa sonora resultante.
Em jeito de conclusão, não tendo este concerto
entusiasmado especialmente o autor destas linhas, o que é
certo é que o público que por completo encheu
o grande auditório do CCB nunca deixou de aplaudir
de forma entusiasta e ruidosa Jan Garbarek e seus pares, sendo
brindado no final com o que foi uma bem simpática versão
de “Hasta Siempre”... Este acabou por ser, curiosamente,
o momento mais alto da noite.
João Aleluia
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