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MARTIN TETREAULT/OTOMO YOSHIHIDE

Quinta Jornada del Festival "Jazz em Agosto" 2004.



Resenha A verdade é que não existiam da minha parte expectativas nenhumas para este concerto, pela simples razão que não conhecia projectos do género e estava muito para além da minha imaginação que, utilizando este tipo de processos e instrumentos, se fizesse musica com tanta substância.

Os músicos entraram e sentaram-se, à frente de duas mesas artilhadas com dois gira-discos e uma interminável série de utensílios que utilizariam ao longo de mais de uma hora de boa música. Yoshihide toca mais analógico, utilizando moedas no gira-discos para criar ruído de ruptura e Tetreault toca estruturas mais longas, minimais e material pré gravado. Um leigo como eu, habituado à clareza do bop, diria que numa fase inicial o canadiano se ocuparia da base rítmica e o japonês tratava das partes melódicas. A utilização de um jack a fazer contacto com uma pequena mesa de mistura produzia feed back e cortes na estrutura da música. É interessante como Yoshihide utilizava o atrito provocado por um cartão no seu gira-discos para criar sons mensuráveis com notas e tons.

E de um início completamente abstracto e caótico se cria a ordem. O Japonês desmonta o seu prato para, com as molas do mesmo, tocar ambientes densos e carregados, que pontua com impressões ao utilizar anéis e pequenos timbalos. Tetreault acompanha os movimentos do companheiro, efectuando pequenos scratch, manipula os pratos com plásticos e objectos eléctricos que criam paisagens industriais, partidas com percussão obtida pela manipulação das agulhas em cima dos pratos.

Logo na primeira música entendi que, com uma boa dose de criatividade, se pode fazer música complexa e estruturada com a ajuda de qualquer coisa. Aqui o som é o do atrito e os instrumentos são coisas como papel de alumínio, plástico, moedas, ferro, borrachas, molas e um sem número de coisas, que ajudam a criar uma infinidade de elementos sonoros inovadores que modificam as texturas.

Acabam os primeiros dois temas e, fazendo uma primeira análise com base unicamente nas impressões, fico agradado com o que ouvi. E ponho-me a pensar na música. Chego à conclusão que a rotação certa dos pratos confere tempo à música e, por incrível que pareça, torna-a mais concreta do que muita música que tenho ouvido.
A terceira peça, um ambiental, é uma peça muito mais musical do que as anteriores. Há criações incríveis ao longo da música. O efeito de um papel de prata a passar com uma cadência certa sobre moedas, faz efeitos percussivos interessantíssimos.

A utilização do metal em cima de discos cria, no quarto tema, um ambiente noise cheio de tensões e dinâmicas. Yoshihide é sempre muito mais melódico e Tetreault muito mais calculista e mecânico. Mas a verdade é que da junção destas duas personalidades sai um produto musical coerente e complementar.

Esta parceria iniciada em 1997, tem tido várias oportunidades para aperfeiçoar cumplicidades, já gravou um disco chamado “21 Situations” gravado para a label de Montreal “Ambiences Magnétiques”. Mostraram sintonia de propósitos, identidade e capacidade criativa. O mínimo que posso dizer é que fiquei curioso e ansioso por conhecer mais desta música e que a riqueza da música que aqui foi apresentada ficará a “martelar” a minha cabeça por muito tempo. Ainda bem.

João Pedro Viegas


Comentario Lo cierto es que no tenía ninguna expectativa respecto a este concierto, por la simple razón de que no conocía proyectos de este tipo y estaba muy lejos de imaginar que, utilizando esta clase de procesos e instrumentos se pudiese hacer música con tanta sustancia.

Los músicos aparecieron y se sentaron ante dos mesas provistas de dos tocadiscos y una interminable serie de utensilios que utilizaron a lo largo de más de una hora de buena música. Yoshihide tocó de forma más analógica, utilizando monedas en los tocadiscos para crear ruido de ruptura mientras Tétreault tocó estructuras más largas, minimales y material pregrabado. Una persona lega en la materia como yo, acostumbrado a la claridad del bop, diría que en una fase inicial el canadiense se ocupó de la base rítmica mientras que el japonés se encargaba de las partes melódicas. La utilización de un jack conectado a una pequeña mesa de mezcla producía feed back y cortes en la estructura de la música. Es interesante cómo Yoshihide utilizaba los roces para crear sonidos que pueden medirse con notas y tonos.

Y a partir de un inicio completamente abstracto y caótico se creó el orden. El japonés desmontó su plato para, con los muelles del mismo, tocar ambientes densos y cargados, que marcó presionando con anillas y pequeños timbales. Tétreault acompañó los movimientos, efectuando pequeños scratches, manipuló los platos con plásticos y objetos eléctricos que crearon paisajes industriales, rotos por la percusión obtenida mediante la manipulación de agujas sobre los platos.

Tras los momentos iniciales entendí que, con una buena dosis de creatividad, se puede realizar música compleja y estructurada con la ayuda de cualquier cosa. Aquí el sonido proviene del roce y los instrumentos son cosas como papel de aluminio, plástico, monedas, hierro, gomas, muelles y un sinfín de objetos que contribuyen a crear una infinidad de elementos sonoros innovadores que modifican las texturas.

Tras terminar los primeros dos temas y, en un primer análisis basado únicamente en las impresiones, me gustó lo que escuché. Y me puse a pensar en la música. Llegué a la conclusión de que la rotación continuada de los platos confiere tempo a la música y, por increíble que parezca, la vuelve más concreta que mucha de la música que he escuchado.

La tercera pieza, de carácter ambiental, fue un tema mucho más musical que los anteriores. El efecto de un papel de plata con una determinada cadencia sobre monedas logró unos efectos percusivos interesantísimos.

La utilización del metal sobre los discos creó, en el cuarto tema, un ambiente noise lleno de tensiones y dinámicas. Yoshihide fue siempre mucho más melódico y Tétreault mucho más calculador y mecánico. Pero en realidad, de la suma de estas dos personalidades salió un producto coherente y complementario.

Esta colaboración iniciada en 1997, ha dispuesto de varias oportunidades de perfeccionar complicidades y ha grabado un disco titulado “21 Situations”, publicado por el sello de Montreal Ambiences Magnétiques. Mostraron sintonía de propósitos, de identidad y de capacidad creativa. Lo mínimo que puedo decir es que quedé con curiosidad y ganas de conocer más este estilo y que la riqueza de la música aquí presentada seguirá “martilleando” en mi cabeza durante mucho tiempo. Tanto mejor.

João Pedro Viegas traducción por Diego Sánchez Cascado