Quinta Jornada del Festival "Jazz em Agosto"
2004.
Resenha Este projecto
que Franz Hautzinger trouxe a Lisboa não me parece acabado.
Por várias razões. A primeira é que falta
direcção ao projecto, e dito isto de um projecto
liderado por um professor de direcção de ensemble,
composição e arranjo torna-se complexo. Depois,
foi notório que mesmo nas partes improvisadas os músicos
não se mostraram particularmente inspirados. Contudo
foi um espectáculo em que me diverti, muito por culpa
da exuberância e dos tiques dos músicos. A um guitarrista
atlético, que andou quilómetros em cima do palco,
juntou-se um baixista engraçado, que tocava e fazia uns
números de “comic dance”.
Quanto à música, pareceu-me logo aos primeiros
acordes que Franz Hautzinger é um músico completamente
assaltado pelo que fazia Miles Davis, na fase eléctrica.
Toca utilizando dois microfones, um de onde sai um som mais
ou menos límpido, a soar a Miles e outro onde faz algumas
brincadeiras como pôr o micro dentro do trompete para
daí soltar sopros abstractos, a fazer lembrar o som dos
aviões que não pararam de passar por cima do auditório
ao ar livre da Fundação Calouste Gulbenkian. Este
segundo microfone estava processado pelo Laptop de Christian
Fennesz que retalhava o som do trompetista.
Inicialmente, quer a electrónica quer o sampler de Helge
Hinteregger aparecem pouco no som do grupo, que é claramente
dominado pela altura com que Luc Ex tocava o seu baixo. O primeiro
tema é um ambiental onde se cruzam influências
do punk e do rock, anunciando uma música de fusão
que dominaria todo o espectáculo. Este tema trouxe um
dos poucos momentos relevantes de boa improvisação.
Um solo de trompete acompanhado exclusivamente pelo baixo, que
me deu esperança de uma noite de boa música.
O trompete de Hautzinger continua a soar ao Miles e os companheiros
proporcionam-lhe um tapete sonoro onde se cruzam momentos de
funk, rock, reggae, punk, bossa nova e até jazz.
Um dos músicos que mais se fez notar nesta noite foi
Alex Deutsch, ou Alexdrum como também é conhecido.
Toca num set espartano, unicamente constituído por bombo
de pé, tarola, pratos de choque e um prato de ritmo.
E é ele que estabelece as direcções rítmicas
do grupo, uma vez que Luc Ex toca duma maneira mais anárquica.
Pontua o som mas não estabelece cadências. O baterista
tem o groove do funk, o que até não admira uma
vez que trabalha com George Clinton. Domina várias linguagens
musicais, em virtude do seu trabalho como produtor em projectos
das mais variadas proveniências.
Luc Ex, baixista que conhecia da sua colaboração
com Tom Cora no colectivo “Roof” e com o resto dos
comparsas nos “4 Walls”, toca aqui de forma muito
diferente. Antes de mais toca eléctrico e com o volume
no máximo, com uma afinação estranha que
faz sair do instrumento um som arranhado, como se as cordas
do seu instrumento estivessem pouco esticadas. Dança
e balança muito, numa pose quase cómica e intervém
mais como anotador do que como catalisador do som do grupo.
Karl Ritter esteve sempre muito discreto nas intervenções.
Dava-se mais por ele por atravessar incessantemente o palco
de um lado para o outro do que a tocar. Esteve quase sempre
a acompanhar e muito pouco a intervir como solista. Aparece
mais nas partes mais funk, utilizando o wha-wha com previsibilidade.
Christian Fennesz é apresentado ao publico de Lisboa
como um “assombro” da electrónica. As suas
intervenções aumentam com o decorrer do concerto,
quer na utilização do computador como instrumento,
quer ainda na manipulação do som do trompete de
Hautzinger. Esperava eu que as suas intervenções
cortassem mais o som do grupo, apontando direcções
e cambiando estruturas. Mas não, o seu instrumento foi
utilizado unicamente para colorir a massa sonora, acrescentando
aqui e ali paisagens mais duras e industriais. A verdade é
que fiquei com a sensação que o concerto sem Fennesz
seria globalmente muito parecido.
O que foi escrito para Fennesz aplica-se também a Helge
Hinteregger, comparsa de longa data do trompetista Austríaco.
Pouco interveniente, aparece também mais para o fim do
concerto a encher o som do grupo. Estava bastante curioso para
o ouvir tocar, pois acumula colaborações com nomes
interessantes da musica contemporânea, como Otomo Yoshihide
e Wayne Horvitz, mas cedo se percebeu que não ia ter
grande preponderância nesta Regenorchester XI de Franz
Hautzinger.
Concluindo diria, que é preciso mais que um conjunto
de bons executantes para criar uma boa banda. E aqui o que faltou,
para além de uma voz própria de Hautzinger, sempre
muito colado ao Miles, foram ideias. Salvou-se algum humor,
introduzido no espectáculo por Luc Ex, que fez com que
não tivesse uma noite aborrecida.
João Pedro Viegas
Comentario
Este proyecto que Franz Hautzinger trajo a Lisboa no me parece
acabado, por varias razones. La primera es que al proyecto le
falta dirección y, decir esto de un proyecto liderado
por un profesor de dirección de conjunto, composición
y arreglo, es problemático. En segundo lugar, se hizo
evidente que, incluso en las partes improvisadas, los músicos
no se mostraron especialmente inspirados. Pese a todo, fue un
espectáculo en el que me divertí, en gran medida
debido a la exuberancia y los tics de los músicos. A
un guitarrista atlético que recorrió kilómetros
sobre el escenario, se sumó un bajista gracioso que tocaba
y realizaba números de baile cómico.
En cuanto a la música, tras los primeros acordes me pareció
que Franz Hautzinger es un músico totalmente influido
por lo que hacía Miles Davis en su fase eléctrica.
Toca utilizando dos micrófonos, uno de donde sale un
sonido más o menos limpio, con el que suena a Miles,
y otro donde hace algunas curiosidades como colocar un micro
dentro de la trompeta para soltar soplos abstractos, que recuerdan
el sonido de los aviones que no paraban de sobrevolar el auditorio
al aire libre de la Fundación Calouste Gulbenkian. Este
segundo micro estaba procesado por el ordenador portátil
de Christian Fennesz que modificaba el sonido del trompetista.
Inicialmente, tanto la electrónica como el sampler de
Helge Hinteregger aparecieron poco en el sonido del grupo, que
estaba claramente dominado por el volumen con el que Luc Ex
tocaba su bajo. El primer tema era ambiental y en él
se mezclaban influencias del punk y del rock, anunciando una
música de fusión que dominaría todo el
espectáculo. Este tema ofreció uno de los pocos
momentos destacados de buena improvisación. Un solo de
trompeta acompañado exclusivamente por el bajo, que me
dio esperanzas de disfrutar de una noche de buena música.
La trompeta de Hautzinger siguió sonando a Miles y sus
compañeros le proporcionaron un tapiz sonoro en el que
se mezclaban momentos de funk, rock, reggae, punk, bossa nova
e incluso jazz.
Uno de los músicos que más destacó en la
noche fue Alex Deutsch, o Alexdrum”, como también
se le conoce. Tocó un set espartano, únicamente
constituido por un bombo de pie, tambor, platos y un charles.
Fue él quien estableció las dirección rítmicas
del grupo, dado que Luc Ex tocó de una manera más
anárquica. Puntuó el sonido más que establecer
las cadencias. El batería mostró el groove del
funk, lo que no resulta sorprendente ya que ha trabajado con
George Clinton. Domina varios lenguajes musicales, debido a
su labor como productor de proyectos de las más variadas
procedencias.
Luc Ex, bajista al que conocía de su colaboración
con Tom Cora en el colectivo Roof así como con 4 Walls,
tocó aquí de una forma muy diferente. Sobre todo,
tocó el bajo eléctrico con el volumen al máximo,
con una afinación extraña que hacía que
de su instrumento saliese un sonido deslavazado, como si las
cuerdas de su bajo estuvieran poco tensas. Bailó y se
movió mucho, en una pose casi cómica e intervino
más como apuntador que como catalizador del sonido del
grupo.
Karl Ritter estuvo siempre muy discreto en sus intervenciones.
Se dedicó más a recorrer incesantemente el escenario
de un lado a otro que a intervenir como solista. Apareció
en las partes más funk, utilizando el wha-wha de una
forma previsible.
Christian Fennesz fue presentado al público de Lisboa
como un músico “asombroso” de la electrónica.
Sus intervenciones aumentaron con el transcurso del concierto,
tanto utilizando el ordenador como instrumento como manipulando
el sonido de la trompeta de Hautzinger. Yo esperaba que sus
intervenciones cortasen más el sonido del conjunto, apuntando
direcciones y cambiando estructuras. Pero no, utilizó
su instrumento únicamente para dar colorido a la masa
sonora, desarrollando de vez en cuando paisajes más duros
e industriales. La verdad es que me quedé con la sensación
de que el concierto sin Fennesz hubiese sido globalmente muy
similar.
Lo dicho para Fennesz también se aplica a Helge Hinteregger,
compañero desde hace tiempo del trompetista austriaco.
Intervino poco y apareció más hacia el final de
la actuación para incrementar el sonido del grupo. Sentía
bastante curiosidad por escucharle tocar, ya que ha colaborado
con nombres interesantes de la música contemporánea,
Otomo Yoshihide y Wayne Horvitz, pero pronto se percibió
que no iba a tener una gran preponderancia en esta Regenorchester
XI de Franz Hautzinger.
Para terminar diría que hace falta algo más que
un conjunto de buenos músicos para formar un buen grupo.
Y aquí lo que faltó, además de una voz
propia por parte de Hautzinger, siempre muy próximo a
Miles, fueron ideas. Se salvó alguna muestra de humor,
aportada por Luc Ex, que evitó que no fuese una mala
noche.
João Pedro Viegas
traducción por Diego
Sánchez Cascado