Steve Lehman "Camoflage Trio"

Espectáculo de lançamento do "JACC – Jazz ao Centro Clube"
Teatro Académico de Gil Vicente
7 de mayo de 2003
200 pessoas/personas

Músicos:


Resenha - Reseña

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Resenha

Confesso que o meu conhecimento do Steve Lehman, e do seu trabalho, era limitado. É curioso que, aparte o seu trabalho com Anthony Braxton, que, aliás o trouxe a Lisboa ao "Jazz em Agosto do século! (20, é claro)", pouco mais conhecia da sua obra.

Fiquei petrificado, quer com a sua destreza técnica, quer, sobretudo, com a inspiração e capacidade que o jovem saxofonista tem, de se reinventar permanentemente. O seu discurso, quer como altoísta, quer como tocador de sopranino, revela um ilustre discípulo do mestre Braxton, tornando-se inovador juntando alguma da referida semiologia à que sugere, ao tocar alto, puxando para o "plateau" músicas do mundo (como a música indiana, que retracta na perfeição tirando a boquilha ao seu alto, fazendo-o soar como uma flauta de madeira), quer a lembrar o grande Parker, tocando sopranino, do lado de cá do Atlântico. O Evan, é claro! Os seus "perpétuos" solos de sopranino, são duma intensidade estonteante. Também o Steve tem aquela capacidade fantástica de tocar saxofone com tanta intensidade, que o mais atento dos ouvintes juraria a pés juntos, que ele não respira.

Steve Lehman é, de facto, uma força da natureza. É o lider activo desta extraordinária banda, que pratica um jazz verdadeiramente novo, e que simultaneamente, recorre a iconografia que se sustenta na mais pura tradição. Combina, com invulgar bom gosto, influências de Anthony Braxton, Charlie Parker, Jackie McLean, Evan Parker e outros para desenvolver uma linguagem própria, de uma riqueza e intensidade fora do comum.

Mas o "Camoflage Trio" é muito mais que o jovem e brilhante saxofonista!

É uma banda que conta com um Mark Dresser comprometido, que tutelou a banda de tal forma, que a mim, ouvinte, me deixou encantado. A sua panóplia imensa de recursos técnicos foi um bálsamo para a prestação do conjunto. Destacaria, "nessa matéria" a habilidade ao recorrer ao Tapping, sugerindo ambientes íntimos e místicos, o que conferia à musica da banda uma aura espiritual, reforçada com o virtuosismo que revelou a tocar com arco. Alternava esses momentos com energéticas explosões sonoras que sacudiam o discurso do conjunto e o tornavam agressivo. E como é dificil recorrer com elegancia a esses argumentos. É que existe uma linha muito ténue entre a gritaria gratuita e cacofónica,e o manifesto musical consciênte. O contrabaixista californiano nunca a ultrapassou.

Paul Maddox, aka Pheeroan AkLaff, é um percussionista completo. Combina ao bater nas peles, elementos recolhidos um pouco por toda a tradição negra. Desde a iconografia do reggae, que foi beber quando tocou com Oliver Lake na banda "Jump Up", até elementos "Bopianos", assimilados nas inumeras audições feitas aos clássicos como Monk, Roach, MJQ, Brown, etc, passando por momentos totalmente free, cuja linguagem desenvolveu durante as inumeras colaborações com musicos como Cecil Taylor, Braxton, Hill, David Murray, etc. Recorreu aínda à utilização, neste concerto, de instrumentos não convencionais, que acentuavam geralmente os momentos mais "World" da musica deste fantástico "Camoflage Trio".

Uma ultima consideração. Quando estiver numa sala perto de sua casa, este "Camoflage Trio", não hesite em entrar e fruir esta musica maravilhosa que estes três iluminados musicos nos proporcionam.

João Pedro Viegas


Comentario

Confieso que mi conocimiento de Steve Lehman y de su trabajo era limitado. Es curioso que, aparte de su colaboración con Anthony Braxton, que además lo trajo a Lisboa al festival “Jazz em Agosto do século!” (el XX, claro), poco más conocía de su obra.

Me quedé petrificado tanto por su destreza técnica como, sobre todo, por la inspiración y capacidad que tiene este joven saxofonista para reinventarse permanentemente. Su discurso, tanto al saxo alto como al sopranino, revela a un ilustre discípulo del maestro Braxton, combinando innovación con otros lenguajes, como cuando presenta sobre el escenario músicas del mundo (como la música india, que imita a la perfección cuando retira la boquilla de su saxo alto y lo hace sonar como una flauta de madera) o también al sopranino, con el que recuerda al gran Parker, el de esta orilla del Atlántico, ¡Evan, por supuesto! Sus solos “perpetuos” al sopranino son de una intensidad alucinante. Además, Steve tiene esa capacidad fantástica para tocar el saxo con tanta intensidad que hasta el más atento de los oyentes juraría a pies juntillas que no respira.

De hecho, Steve Lehman es una fuerza de la naturaleza. Es el líder activo de este extraordinario grupo que realiza un jazz realmente nuevo y que, simultáneamente, recorre la iconografía que se fundamenta en la más pura tradición. Combina, con enorme buen gusto, influencias de Anthony Braxton, Charlie Parker, Jackie McLean, Evan Parker y otros, para desarrollar un lenguaje propio, de una riqueza e intensidad fuera de lo común.

Pero el “Camoflage Trio” es mucho más que este joven y brillante saxofonista.

Es una banda que cuenta con un Mark Dresser comprometido con la causa, que propulsó al grupo de tal forma que a mí, como oyente, me dejó fascinado. Su enorme abanico de recursos técnicos fue un bálsamo para la prestación del conjunto. Entre todo ese “material”, destacaría la habilidad para recurrir al tapping, sugiriendo ambientes íntimos y místicos, lo que confería a la música del grupo un aura espiritual, reforzada por el virtuosismo que demostró con el arco. Alternó esos momentos con enérgicas explosiones sonoras que sacudían el discurso del conjunto y lo volvían agresivo. ¡Y qué difícil resulta recurrir con elegancia a estos argumentos! Porque existe una línea muy delgada entre el ruido gratuito y cacofónico y el manifiesto musical consciente. Pero el contrabajista californiano nunca la superó.

Paul Maddox, alias Pheeroan AkLaff, es un percusionista completo. Combina en su golpeo de las pieles, elementos recogidos del conjunto de la tradición negra. Desde la iconografía del reggae, de la que se impregnó cuando tocó con Oliver Lake en el grupo Jump Up, hasta elementos bop asimilados en las innumerables escuchas de clásicos como Monk, Roach, MJQ, Brown, etc., pasando por momentos totalmente free, cuyo lenguaje ha desarrollado en un sinfín de colaboraciones con músicos como Cecil Taylor, Braxton, Hill, David Murray, etc. En este concierto, recurrió asimismo a la utilización de instrumentos no convencionales que acentuaban generalmente los elementos más “World” de la música de este fantástico “Camoflage Trio”.

Una última consideración. Cuando el “Camoflage Trio” toque en una sala cercana a su casa, no dude en entrar y disfrutar de esta música maravillosa que estos tres músicos iluminados nos ofrecen.

João Pedro Viegas Traducido por Diego Sánchez Cascado

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